Provocações por Jandir Jr. e Beatriz Pimenta Velloso

Usualmente associamos a palavra provocação à afronta e à ofensa. Contudo também é costumeiro associá-la à ação que tem por objetivo desarranjar as certezas solidificadas de certo indivíduo ou corpo social e, ainda, à simples acepção do causar, provocar algo, ainda que algo de contorno difuso, provocando consequências inesperadas.

O Grupo de Pesquisa A arte, a história e o museu em processo, em sua primeira ação pública, abre espaço para sete artistas desta Escola de Belas Artes intervirem e ocuparem o Museu D. João VI durante o período do seu VI Seminário. Através do deslocamento de obras e mobiliários do museu, exposição de arquivos, inserção de trabalhos no museu e realização de ações, que partem dele para outros espaços dentro e fora da Escola de Belas Artes, tem-se a conformação de encontros, hipotéticos ou não, entre o Museu D. João VI e outros circuitos e estratos sociais, como o da arte contemporânea que é o campo de atuação destes artistas.

Diferente da arte moderna, sem pretensões ao universal, sem hierarquias e parâmetros pré-estabelecidos, atualmente a arte contemporânea se dispõe a dialogar sobre qualquer tema, abordando de forma crítica o momento que atravessamos. Em sintonia com artistas internacionais que transitam por um mundo multicultural e de economia globalizada, os artistas dessa exposição revisam – e provocam, ao se inserir em um museu ligado à primeira instituição de ensino de arte no país – a história do Brasil, que durante muitos anos foi ensinada nas escolas: o longo período de escravidão, a ideia de sincretismo religioso, os parâmetros culturais estabelecidos e as obras desenvolvidas e estratificadas durante a ditadura militar.

Ao procurar dialogar com instâncias diversas, essa exposição se faz “caminhando no incerto, idolatrando a dúvida”, como costumava dizer Antônio Abujamra, na abertura de seu programa Provocações, veiculado na TV Cultura: “Um programa chamado Provocações numa televisão Cultura, deveria ser uma coisa maravilhosa, como se fossem os gregos, os gregos falando coisas lindas? Não. Nós falamos sobre provocações!”

Jandir Jr. e Beatriz Pimenta Velloso

Mônica Coster Implante Grego Fôrma de capitel jônico, em fibra de vidro e dois capitéis instalados nos pilotis do prédio da Reitoria. 2015

Mônica Coster
Implante Grego
Fôrma de capitel jônico, em fibra de vidro e dois capitéis instalados nos pilotis do prédio da Reitoria.
2015

PROVOCAÇÕES
Intervenções no Museu D. João VI

Ana Miramar (Ana Luiza da Cunha Oliveira)
Como ser Civilizado
Vídeo performance exposta em televisão
Gesso e grampos de cabelo
Duração: 2:56
2013

Beatriz Martins
Duo#3
Deslocamento de bustos brancos e pretos no acervo do Museu.
2015

Beatriz Pimenta Velloso
Como fazer cabeças
Vídeo feito a partir de foto de autoria anônima da degola do cangaceiro Lampião e seu grupo.
2015

Brenno de Castro
História quente 1
Projeção de vídeo mapping sobre molduras vazias. Trabalho exposto apenas na semana do VI Seminário D. João VI.
2015

Jandir Jr.
Documentação do acesso e das divulgações de agendamento de visitas ao Museu D. João VI
Panfletos em vitrine do museu
2015

Karina Wolff
Presença
Manequim, cavalete, papel e caixas de som
178 X 200 cm
2015

Mônica Coster
Implante Grego
Fôrma de capitel jônico, em fibra de vidro e dois capitéis instalados nos pilotis do prédio da Reitoria.
2015

Olivio Neto
Vênus, Nossa Senhora e Iemanjá
Impressão sobre laminas de tecido de voal, sobrepostas às imagens da Vênus de Milo e da Nossa Senhora.
2014

Exposição: de 19 de maio a 19 de junho de 2015
Av. Pedro Calmon, 550 – 7º andar
Prédio da Reitoria da UFRJ – Cidade Universitária, Ilha do Fundão
Rio de Janeiro – RJ

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