Usualmente associamos a palavra provocação à afronta e à ofensa. Contudo também é costumeiro associá-la à ação que tem por objetivo desarranjar as certezas solidificadas de certo indivíduo ou corpo social e, ainda, à simples acepção do causar, provocar algo, ainda que algo de contorno difuso, provocando consequências inesperadas.
O Grupo de Pesquisa A arte, a história e o museu em processo, em sua primeira ação pública, abre espaço para sete artistas desta Escola de Belas Artes intervirem e ocuparem o Museu D. João VI durante o período do seu VI Seminário. Através do deslocamento de obras e mobiliários do museu, exposição de arquivos, inserção de trabalhos no museu e realização de ações, que partem dele para outros espaços dentro e fora da Escola de Belas Artes, tem-se a conformação de encontros, hipotéticos ou não, entre o Museu D. João VI e outros circuitos e estratos sociais, como o da arte contemporânea que é o campo de atuação destes artistas.
Diferente da arte moderna, sem pretensões ao universal, sem hierarquias e parâmetros pré-estabelecidos, atualmente a arte contemporânea se dispõe a dialogar sobre qualquer tema, abordando de forma crítica o momento que atravessamos. Em sintonia com artistas internacionais que transitam por um mundo multicultural e de economia globalizada, os artistas dessa exposição revisam – e provocam, ao se inserir em um museu ligado à primeira instituição de ensino de arte no país – a história do Brasil, que durante muitos anos foi ensinada nas escolas: o longo período de escravidão, a ideia de sincretismo religioso, os parâmetros culturais estabelecidos e as obras desenvolvidas e estratificadas durante a ditadura militar.
Ao procurar dialogar com instâncias diversas, essa exposição se faz “caminhando no incerto, idolatrando a dúvida”, como costumava dizer Antônio Abujamra, na abertura de seu programa Provocações, veiculado na TV Cultura: “Um programa chamado Provocações numa televisão Cultura, deveria ser uma coisa maravilhosa, como se fossem os gregos, os gregos falando coisas lindas? Não. Nós falamos sobre provocações!”
Jandir Jr. e Beatriz Pimenta Velloso
PROVOCAÇÕES
Intervenções no Museu D. João VI
Ana Miramar (Ana Luiza da Cunha Oliveira)
Como ser Civilizado
Vídeo performance exposta em televisão
Gesso e grampos de cabelo
Duração: 2:56
2013
Beatriz Martins
Duo#3
Deslocamento de bustos brancos e pretos no acervo do Museu.
2015
Beatriz Pimenta Velloso
Como fazer cabeças
Vídeo feito a partir de foto de autoria anônima da degola do cangaceiro Lampião e seu grupo.
2015
Brenno de Castro
História quente 1
Projeção de vídeo mapping sobre molduras vazias. Trabalho exposto apenas na semana do VI Seminário D. João VI.
2015
Jandir Jr.
Documentação do acesso e das divulgações de agendamento de visitas ao Museu D. João VI
Panfletos em vitrine do museu
2015
Karina Wolff
Presença
Manequim, cavalete, papel e caixas de som
178 X 200 cm
2015
Mônica Coster
Implante Grego
Fôrma de capitel jônico, em fibra de vidro e dois capitéis instalados nos pilotis do prédio da Reitoria.
2015
Olivio Neto
Vênus, Nossa Senhora e Iemanjá
Impressão sobre laminas de tecido de voal, sobrepostas às imagens da Vênus de Milo e da Nossa Senhora.
2014
Exposição: de 19 de maio a 19 de junho de 2015
Av. Pedro Calmon, 550 – 7º andar
Prédio da Reitoria da UFRJ – Cidade Universitária, Ilha do Fundão
Rio de Janeiro – RJ